sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ...


Redescubro em "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor" (Jorge Amado) que o prazer da releitura pode ser tão ou maior que o da prórpia leitura. A visualização da capa do livro, na prateleira da livraria, disparou a lembrança da primeira leitura, há 17 anos, quando fui apresentada, sem o saber, aquela que hoje considero a prosa mais poética que já li (Obrigada, Lourdinha!). É uma história maravilhosa, com descrições preciosas e delicadas sobre o cenário, personagens e, sobretudo, sentimentos. Sem falar das iluminuras e ilustrações do livro (Caribé), de uma beleza pueril. É tentador o desejo de escrever / comentar sobre a história, mas não foi atendê-lo por um motivo básico: não quero correr o risco de reduzir o encanto da história e, com isso, comprometer, ainda que minimamente, o interesse de algum curioso leitor ou leitora. É claro que este risco é mesmo muitíssimo reduzido, já que não tenho conhecimento de possíveis visitas por estas paragens virtuais. Acho mesmo que se trata de uma paisagem um tanto inóspita, pois nem gato ou andorinha, sequer borboletas passam ou pousam aqui. Talvez eu não esteja cuidando bem deste jardim, mas isso já é outro departamento: departamento das prováveis ausências e improváveis presenças.
O que eu apenas queria destacar neste momento, acerca do texto de Jorge Amado, é que o autor, simples e sabiamente, adotou como subtítulo "uma história de amor", talvez por acreditar que o mais importante estava aí e não no impossível que se revela ao longo das estações.


"Era uma vez antigamente, mas muito antigamente, nas profundas do passado quando os bichos falavam, os cachorros eram amarrados com lingüiça, alfaiates casavam com princesas e as crianças chegavam no bico das cegonhas. Hoje os meninos e meninas já nascem sabendo tudo, aprendem no ventre materno, onde se fazem psicoanalisar para escolher cada qual o complexo preferido, a angústia, a solidão e a violência. Aconteceu naquele então uma história de amor." (Jorge Amado)

2 comentários:

Achadiça disse...

Parei aqui por acaso. Li e fiquei surpresa por verificar como a língua portuguesa é tão bem tratada por si... é que tenho aquele preconceito de que brasileiro não sabe escrever... exagera os gerúndios e adultera as palavras. Se calhar não é preconceito, há pessoas que escrevem bem e outras não...
Gostei, vou voltar de vez em quando.

Achadiça disse...

Esqueci-me de dizer que também li o "gato malhado" e realmente é delicioso, aliás como toda a obra do JA.
Adeus