"Cada coisa ordinária é um elemento de estima"
(Manoel de Barros, em Matéria de Poesia)
Não sabia que sentimento predominava quando, após anos de resistência, conseguira efetuar uma mudança de aparência tão simples...
Era, a um só tempo, alegria e espanto, raiva e encantamento.
Sentia que, em algum ponto, a carapaça começara a ceder em sua dureza, de forma tão tímida quanto ousada. Há muito o invólucro já não protegia, mas a aprisionava.
Reconhecidademente não foi nada de outro mundo. Nada inconcebível, de rara ocorrência, passível à genialidade, extraordinário. Antes, um ato corriqueiro, previsível, cotidiano como "feijão com arroz", "pão com manteiga". No entanto, aí residia todo o pasmo de si.
O ordinário - gerneroso por natureza - insistia em lhe bater à porta. Mas desta vez, como de costume, não o deixou escapar. Com a força de todos os braços, abraçou a possibilidade viva de experimentá-lo em sua grandeza. Certificava-se, enfim, que o extra é e está, sim, no ordinário.
Quão doce é ser comum.
E agora, quem sabe, qualquer dia aquele banho de mar...
(VaneideDelmiro)
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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