sábado, 6 de novembro de 2010

Coisa natural...

Quando a febre chega, agrada-me como coisa natural...
Fernando Pessoa
Ser um ser permissível a si mesmo é a glória de existir
Clarice Lispector, em Um Sopro de Vida

Quando a temperatura aumentou, percebi que tinha febre de desejos... Como não queria curar-me, então tratei de sentir. Na minha prostração erguia-se o mais imperioso dos desejos: viver. Um único medo, porém, me aquietava a alma: ao ceder a febre, o que restaria?

VaneideDelmiro

5 comentários:

Ludmila Clio disse...

Ai, que felicidade reler-te! Andas sumida mesmo... o que tem havido contigo?
Aprecio sua intensidade dosadinha, gostosa, na medida do arrepio... hummmmmm...
Qto à revista, me manda por e-mail o teu endereço que combinamos!
Obrigada, volte sempre, sempre!!
(vc já imagina oq seja "a novidade", não?!)

Anônimo disse...

Muito bom ver nova postagem.
E ti digo: o que resta é a vida.

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"

Guimarães Rosa

Flávio Borgneth disse...

Bonito ver descrição e despudoramento se dizerem ao mesmo tempo. Dá pra ver muita carne sem que ela seja dita. E no final ainda sobra...o texto continua...Adorei os três pontos e essa história de transformar-se em carne.

Marcantonio disse...

Deve restar a vida na temperatura estável, que só não pode descer à hipotermia enquanto aguarda uma nova onda de calor interno.

Sabe do que me lembrei? Do Fédon de Platão, quando, ao final, Sócrates diz dever um galo em sacrifício à Esculápio por estar para se curar da doença da vida. Qual o que! Se a vida é uma doença, não quero conhecer a cura!

Muito bom.

Abraço.

Anônimo disse...

Estamos inevitavelmente a este mundo material onde os desejos proliferam...sem eles, vemos nós por acaso??