terça-feira, 22 de junho de 2010

A Morte do Amante

À J.Saramago (in memorian)

Quando morre um escritor as palavras vestem-se de luto e, abatidas, sepultam a si mesmas. É um cenário sombrio.

Ao perceberem o lápis intocado deixado sobre a folha amargamente limpa, as palavras leem “despedida” e se recolhem em sinal do mais profundo respeito, e dor.

De agora em diante apenas um fantasma as assustará: conviver com a eterna dúvida de não saber o que poderiam ser: ideia, imagem, entrelinha ou, quem sabe, um secreto caso de amor...

Mil minutos de silêncio, por favor!


(VaneideDelmiro)

3 comentários:

Anônimo disse...

O que é a morte? Será mesmo o fim ou senão um novo começo? Bem falam os egípcios das primeiras disnatias e a doutrina espírita sobre esse assunto. Se servir de conforto o escritor Saramago se foi, mas suas obras ficaram para a eternidade, nelas alimentemos ainda mais nossa sensibilidade... Para o momento o mais sensato é o silêncio, ele fala bem mais que as palavras.
Maravilhoso texto! Bem expressa o sentimento de muitos admiradores desse grande escritor, tenho certeza que o Saramago ficaria emocionado com tamanhas palavras!

Abraço fraterno,
Marcelo Cavalcanti

Marcantonio disse...

Talvez o mais belo texto que li a respeito da morte de Saramago. E só agora o leio, com atraso. Tenho vontade de linkar o Asa de Palavra ao meu blog (mas não sei se lhe agradaria)só para poder ser informado em tempo sobre o surgimento dessas maravilhosas jóias que você dispõe aqui.

Um abraço.

Cassandra disse...

Que surpresa maravilhosa!
Quanta delicadeza com as palavras e sobretudo encontrar "A morte do a amante". Me encanta José Saramago, senti muito sua perda. Ficamos um pouco mais pobres depois da sua partida, mas é confortante saber que muitos pensam assim.
Um beijo e continue cuidando das palavras, esse instrumento extraordinário que os falantes possuem!
Cassandra